terça-feira, 13 de março de 2012

Vida na roça

O problema é o excesso de barulho.

Às 6 hs da manhã, um PIU !, de algum penáceo qualquer.

Às 7 hs, mais um PIU !

No silencio e solidão de uma roça, onde somente os barulhos dos insetos, os "pius" são as poucas coisas que quebram o rangir dos invertebrados...

Há alguns dias uma vaca (poderia ser um boi, mas depois me explicaram que era uma vaca - eu só a vi de longe) insiste em mugir como se estivesse sofrendo muito. Ficamos a imaginar o que poderia ser o motivo, elocubrando talvez até algum problema maior com ela. Avistei de longe ela(e ?) na porteira da área de um dos vizinhos, mugindo incessantemente. Minha esposa insistiu que ela deveria ter algum problema, mas o que eu poderia fazer - ir lá bater um papo com ela(e ?), para tentar entender seu problema ? *rs.

Dias depois explicaram-me que era uma vaca, e que elA(;o) deveria ter sido separada de seu bezerro. Faz sentido. Eu também ficaria muito agoniado se me separassem de um dos meus "bezerrinhos"... ;o).

Desde janeiro estou morando nessa roça, com direito a pouso até para minha asa delta, dentro de casa, com todos os dias sendo ocupados por mil tarefas braçais, coisa que adoro !

O maior engarrafamento que peguei foi há poucos dias, com direito à registro até de foto pela minha esposa e postagem imediata no seu face : nós, um carro na frente...e umas 200 cabeças de gado atravessando a pista ! *rs

Na pequena cidade de Alfredo Chaves, tudo diferente da grande cidade : não há shoppings, não há nem mesmo cinema, não há trânsito, não há (quase) violencia urbana. As crianças estão nas escolas públicas, já que também não há escola particular. Há transporte gratuito da roça para a escola, e a creche para o nanico é um décimo do valor da grande cidade. Há ensino gratuito de música, de instrumentos, de teatro. Há remédio gratuito fácil, no posto de saúde, bancado pela prefeitura. Há uma feirinha local, bem pequena, mas com produtos muito bem servidos e de excelente qualidade.

Todos de certa forma se conhecem - mais a mim do que eu a eles, afinal, eu sou o "forasteiro" por aqui. Mesmo que eu voe por essas bandas desde os remotos anos de 1988.

Aqui vivo, aqui espero morrer - se depender de mim, daqui a outros cinquenta anos. E voando ainda, claro ;o).

Aqui é a roça. E nunca me senti mais em casa do que aqui, porque a grande cidade, de grande, só tem mesmo são os enormes e variados problemas.. ;o).