sábado, 23 de março de 2013

Artigo nro 3 - Comparativo asa/parapa - A arte de descolar do chão – a DECOLAGEM



Comparativo técnico: parapente / asa delta / asa rígida

Parte dois  :  A arte de descolar do chão – a DECOLAGEM

Inevitavelmente, todo voo precisa iniciar-se com uma boa, correta, segura e bem sucedida decolagem.  Principalmente no caso das asas, pode até determinar todo o resultado do voo, no caso de rampas muito baixas.  Momento crucial para uma asa delta. Momento também importante para um parapente, mas com certeza, muito menos tenso.
 Decolar, para ambos equipamentos, significa conseguir velocidade suficiente para sustentação, partindo do ZERO. Na análise simples dessa regra, já temos a grande diferença do que é esse momento, para cada equipamento : essa velocidade mínima, para o parapente, é bem MENOR. Ou seja, pode-se decolar com muito menos vento ( ou zero ), e até mesmo com um ângulo de incidência em relação ao morro mais lateral.
As asas também podem decolar com pouco vento. Com mais risco, podem também decolar com vento lateral, desde que fraco. Mas o incremento do risco é geometricamente proporcional quando fatores como esses se façam presentes numa decolagem. E a corrida necessária ao piloto, carregando nos primeiros passos a asa e mais importante, mantendo o ângulo de ataque o mais perto possível do ZERO, inversamente proporcional à velocidade do vento – quanto menos vento, mais requer velocidade nessa corrida.
Curiosamente, com vento CAUDAL, em tese é mais fácil decolar com uma asa do que com um parapente. A estrutura rígida delas não precisa ser inflada, o que é bem mais complicado para um parapente com vento caudal. Nesse caso, bastaria correr o suficiente para alcançar a velocidade mínima de sustentação, MAIS a velocidade do vento – e pernas para que te quero !!!!!!!!!!
Porém, a grande, significativa, crucial diferença de decolar com uma asa ou parapente,  é que na asa, uma decolagem é algo quase definitivo. Ou decola-se, ou crash ! E o verbo “crachar”, pouco usado para os invertebrados, é algo que dá calafrios em qualquer piloto de asa. Talvez por isso, alçar voo numa asa seja um momento tão mágico quanto crítico, pois sabemos que um erro dificilmente permitirá outra tentativa. Em meus vinte e cinco anos voando de asa (completo em julho-2013), com cerca de mil voos, já errei seis decolagens. Um número considerável, mas que felizmente também mostra que os erros também podem ser perdoados para os vertebrados. Mas em apenas uma desses erros, eu consegui tentar decolar de novo, com a mesma asa, pois eu havia apenas “barrigado” o chão, pouco abaixo do início da decolagem, por ter me jogado nela antes dela estar em voo. Ajudou para isso a rampa ser com “barriga invertida” (para dentro, não para fora). Subi novamente, e como a asa que não tinha sofrido nada, voltei a correr como um louco, e consegui decolar. O amigo que me acompanhava, impressionado, jurou que nunca mais iria numa rampa... *rs.
Nas outras vezes, quebrou alguma barra, tala e numa vez, a própria asa do lado direito. Em nenhuma delas sofri sequer um arranhão, e nessa que foi a “pior”, subi novamente depois de ter recolhido a asa, e decolei com um parapente. Em resumo, posso não ser uma referencia de “excelência”, mas pelo menos tenho o aval da experiência de ter passado por essas “roubadas”.
Já para um parapente, decolar pode até ser um “brinquedo”, com pilotos empinando suas velas como se fossem pipas, tocando suas cordas finas ( e por vezes, emboladas APÓS a decolagem ), como se fossem violões. É inegável as vantagens, do ponto de vista prático, entre decolar com um parapente, comparado com uma asa.  Pode-se errar várias vezes, principalmente quando sem vento, e no máximo, comer um bocado de capim ao final da rampa. Pode-se inflar o parapente com vento lateral, e acertar apenas quando sair do morro.  Com vento mediano, descola-se da terra como se fossem um beija-flor. E claro, também pode-se errar, e se o erro acontecer perto do morro, não se tem na hora do impacto a proteção de toda a estrutura da asa.
Mas para ambos, a decolagem precisa ser bem executada, pois é um dos momentos mais críticos. No quadro abaixo, os aspectos e diferenças da decolagem para cada equipamento.

Parentesis : vou tentar colar o Excel abaixo, não deve dar muito certo... ;o)


DECOLAGEM

PARAPENTE ASA DELTA




VANTAGENS DESVANTAGENS VANTAGENS DESVANTAGENS



GRAU DE DIFICULDADE DECOLAGEM RELATIVAMENTE FÁCIL, COM MENOS RISCOS DO QUE NA ASA. DECOLAR COM VENTO DE CAUDA É MAIS DIFÍCIL QUE  NA ASA - A ESTRUTURA DA VELA, PARA INFLAR-SE EM PERFIL AERODINAMICO, FICA MAIS DIFICIL, ENQUANTO A ASA JÁ ESTÁ "INFLADA/RÍGIDA". DECOLAGEM POSSÍVEL MESMO COM VENTO MUITO FORTE.  É UMA DECOLAGEM QUER REQUER  PRECISÃO, OS PASSOS, A CORRIDA, E PRINCIPALMENTE O ÂNGULO DE ATAQUE DURANTE A CORRIDA, DEVEM SER EXECUTADOS COM CORREÇÃO, POIS QUALQUER ERRO RESULTA EM CRASH
ABORTAGEM A AÇÃO DE INFLAR E ATÉ CORRER, PODE SER ABORTADA A QUALQUER INSTANTE.  O EXCESSO DE SIMPLICIDADE DA DECOLAGEM LEVA MUITOS PILOTOS A DECOLAREM SEM ESTAREM DEVIDAMENTE CONCENTRADOS PARA ISSO.  NÃO É PRECISO ALCANÇAR UMA GRANDE VELOCIDADE NA CORRIDA. A MAIORIA DAS ASAS TEM UMA VELOCIDADE DE ESTOL EM TORNO DE 30 KM/H.  NÃO É POSSÍVEL ABORTAR. APÓS A DECISÃO DE CORRER, SÓ RESTAR POR AS PERNAS PARA FUNCIONAR, MANTER O ÂNGULO DE ATAQUE O MAIS PRÓXIMO POSSÍVEL DO ZERO - E COOOOOOOORRRRRREEEEEE !
VELOCIDADE DO VENTO PODE-SE DECOLAR COM VENTO ZERO, E VÁRIAS TENTATIVAS PODEM SER FEITAS CASO NÃO SEJAM BEM SUCEDIDAS. OS LIMITES DE VELOCIDADE DO VENTO SÃO MUITO MENORES QUE NUMA ASA. DECOLAR COM VENTO FORTE PODE SER MUITO PERIGOSO, COM POSSÍVEIS ARRASTÕES ATÉ PARA O ROTOR. QUANTO MENOS VENTO PIOR. O VENTO FACILITA TUDO, E FAZ PERDOAR INCLUSIVE ERROS DE ÂNGULO DE ATAQUE OU DE VELOCIDADE.  NÃO HÁ. MESMO VENTOS FORTES DEMAIS PERMITEM DECOLAGEM. LEMBRO-ME DO MORROTE, NEM HAVIA SOLADO E FIZ MAIS DE 40 DECOLAGENS COM VENTO TÃO FORTE QUE O MONITOR TINHA QUE SEGURAR O NARIZ DA ASA, E QUANDO ELE SOLTAVA, DEITAVA-SE E EU PASSAVA POR CIMA DELE. BONS TEMPOS, MAS SEM NOÇÃO DE JUÍZO ALGUM...
RISCOS E EFEITOS EM CASO DE ERROS OS DANOS NORMALMENTE SÃO MENOS SEVEROS QUE ERROS QUE NA ASA.  ARBORIZAGEM, ROLAR MATO ABAIXO, É DIFÍCIL CITAR UM PILOTO QUE NÃO TENHA PASSADO POR ISSO - OS QUE NÃO PASSARAM, IRÃO PASSAR. UMA SIMPLES CORDINHA ATRAVESSANDO POR CIMA DA VELA PODE ENGRAVATA-LA E CAUSAR ATÉ GRAVES PROBLEMAS. HÁ O RISCO DE DEIXAR A VELA ULTRAPASSAR E CAUSAR UM FRONT STALL, ENQUANTO O  CONTRÁRIO (ESTOL) NORMALMENTE NÃO GERA MAIORES PROBLEMAS. A DECOLAGEM, QUANDO BEM EXECUTADA É RÁPIDA. RAMPAS DE MADEIRA AJUDAM INCLUSIVE A PERDOAR ERROS E FACILITAR ENTRAR EM VOO.  DEPENDE DE RAMPAS NATURAIS MAIS LIMPAS E COM PISO MAIS REGULAR, PARA NÃO ATRAPALHAR A CORRIDA DO PILOTO, E ALTERAR O ÂNGULO DE ATAQUE DURANTE A CORRIDA. CRASHS SÃO NORMALMENTE PIORES E NO MINIMO PROVOCAM ALGUM TIPO DE DANOS À ASA
ÂNGULO DO VENTO E VELOCIDADE DE VENTO DECOLAR COM VENTO LATERAL É MAIS FÁCIL E SEGURO, POIS PODE-SE COLOCAR A VELA LIGEIRAMENTE NA TRANSVERSAL DO SENTIDO DE DECOLAGEM E MAIS APROADA PARA O VENTO - NA ASA, NEM PENSAR TAIS ATOS. POR NÃO TER ESTRUTURA RÍGIDA, FECHAMENTOS PRÓXIMOS AO MORRO, LOGO APÓS A DECOLAGEM JÁ CAUSARAM VÁRIOS ACIDENTES, INCLUSIVE FATAIS. DECOLAR COM VENTO DE CAUDA É POSSÍVEL, DESDE QUE SEJA VENTO BEM FRACO OU ZERO. DEVE-SE CORRER NO MINIMO ATÉ SUPERAR A VELOCIDADE DE ESTOL DA ASA. ERROS DE DECOLAGEM NORMALMENTE CAUSAM DANOS TANTO NA ASA QUANTO NO PILOTO, POIS A VELOCIDADE ENVOLVIDA SEMPRE É MAIOR QUE NUM PARAPENTE. RETORNAR AO MORRO É O CASO MAIS COMUM, QUANDO A ASA NÃO ADQUIRIU VELOCIDADE DE SUSTENTAÇÃO, E TENDE A FAZER UMA CURVA LOGO NA SAÍDA. COM VENTO FORTE, AS ASAS FLEX PRECISAM DE AJUDA DE PESSOAS SEGURANDO OS CABOS LATERAIS - NA RÍGIDA, ISSO NÃO É NECESSÁRIO, POIS OS SPOILERS ATUAM AUTOMATICAMENTE BAIXANDO A ASA, QUANDO UM DOS LADOS SOBE.


Artigo nr. 02 - Comparativo Técnico Asa Delta/Rígida & Parapente

Comparativo técnico: parapente / asa delta / asa rígida
                Por que voamos? E se voamos, por que num parapente, ou por que numa asa delta (ou rígida)?
                Para compreendermos e compararmos as vantagens e desvantagens, abordarei nesse e em outros artigos, as diferenças e semelhanças, entre voar em cada um deles, já que tenho a felicidade de voar nos três tipos de equipamentos possíveis ao voo livre foot launch.  
                Ser isento é algo complicado, pois sempre tendemos a alguma preferência. No meu caso, confesso: é pelos vertebrados. Quando me perguntam qual eu prefiro, não hesito em dizer: asa! Para emendar, na sequencia:  “Mas no dia em que eu emburrescer o suficiente, bato as orelhas! O importante é voar!”
                Cada um dos equipamentos tem seus pontos fortes e fracos, mas todos tem seus limites e tem seu valor. Por mim, irei voar enquanto puder nos três tipos – apesar de saber que, no caso da asa, há um limite físico em que a idade ainda permita, afinal de contas, minha asa rígida pesa “apenas” 42 kilos, fora os 16 kilos do cinto + reserva. Não consigo me imaginar aos 80 anos voando nelas ainda, mas espero, que pelo menos possa descolar do chão um pouco, com um invertebrado ;o).
                Para organizar melhor esse comparativo, foi dividido nos quesitos principais, tais como: aprendizado, decolagem, pilotagem, pouso e transporte/segurança/comércio.
                Apesar de ter meu xodó pelo voo de asa, e literalmente amando agora poder voar numa asa rígida (deve ter somente cerca de dez pilotos “rígidos” no país), defendo dois princípios, quando se trata das questões envolvendo o voo de parapente ou de asa delta:
Primeiro, que não há motivo para a menor distinção, em termos de organização, seja estrutural, política ou comunitária, para praticantes que usem um ou outro tipo dessas coisas que voam. Vale frisar: dividimos e coabitamos o mesmo mundo, pois rampas, pousos e principalmente, o espaço aéreo é o MESMO. Dividir o voo livre, como ocorreu em parte, por conta da criação da ABP, em nada agregou para o relacionamento de pilotos que precisam, devem e não tem outra opção, além compartilhar esses espaços, de uma forma organizada e social. Nesse comparativo há vários itens abordados, sobre as semelhanças e diferenças entre os equipamentos que VOAM. E todos apenas em questões técnicas. Porque voar pode ser diferente, conforme o tipo em que se voa, mas fora isso, somos todos IGUAIS.
Segundo, que o importante é voar com segurança, e continuar voando assim. Veremos que há várias diferenças entre os equipamentos, assim como nenhum dia é igual ao outro. Em dias de vento, de térmicas fortes, eu opto sempre por voar com a asa. Me sinto mega seguro, e ainda me divirto jogando a asa justamente nos pontos em que a sinto chacoalhar como um cavalo bravo – como é bom estar voando em algo que mantém sua forma seja em qualquer condição! Já nos dias mais tranquilos, nos dias em que desejo apenas conforto e a doce sensação de estar pendurado acima do chão, e quando o trabalho de montar e desmontar a asa já me desanima antes que eu sequer o comece, opto pelo parapente, sem hesitar.
Bom é voar. Voar com prazer, com segurança, com tranquilidade e com a felicidade de poder voar mesmo em condições mais críticas ou desconfortáveis. Voar de parapente num dia mmmmmmuito turbulento é bom por poder voar, mas creio que o prazer de voltar ao solo, para muitos, pode superar o de ter voado – ufa, quanta pancadaria!!! Voar de asa, num dia de merreca total, levando mais de uma hora para armar (e desmontar) a asa, e ter poucos minutos de voo, é também um pouco frustrante, mesmo sendo muito bom (sempre!) tirar o pé do chão.
Ou seja, repito, insisto, ratifico: o bom é VOAR. E enquanto minhas orelhas ainda forem insuficientes, voo de “pano de chão”, voo de “tralha delta”, voo de “tralha rígida”. Voemos juntos, seja no que for.
No gráfico abaixo abordo a questão mais fundamental, antes de voarmos, seja no que for: o APRENDIZADO.

                        
APRENDIZADO

PARAPENTE   ASA DELTA

VANTAGENS DESVANTAGENS   VANTAGENS DESVANTAGENS



 

GRAU DE DIFICULDADE Extremamente simples, para a maioria das pessoas. Até mesmo por ser limitado a apenas dois comandos básicos e uma posição ou curso de aceleração, em poucas aulas já se consegue sair do topo do morrote para pequenos voos. Nenhum outro equipamento de voo permite tal FACILIDADE. A maior desvantagem é justamente a excessiva simplicidade. Quantos pilotos voce conhece que aprenderam mal e porcamente a inflar a vela, sair correndo e pousar sem fazer muitas curvas na aproximação ? Há algum tempo, cogitamos de montar um curso de asa, baseado no uso de uma tirolesa suspendendo asa e piloto-aluno. Um amigo lembrou-me, com sabedoria : "Não simplifique e torne fácil demais, aquilo que não pode ser simples e fácil demais."   Não há vantagem nesse quesito para as asas, são só desvantagens. São muito mais pesadas, difíceis e incômodas para carregar nas costas após montadas e fazem da instrução um esforço que normalmente só homens, e assim mesmo aqueles que fisicamente com bom preparo, conseguem terminar o curso. Você já viu algum voador de asa barrigudo demais ? Quem consegue passar pelo curso, levando várias e várias vezes a asa até o topo do morrote, para os poucos segundos de voo, com certeza merece mesmo voar ! Como são mais pesadas, difíceis e complicadas para montar (pelo menos no início), o aprendizado da asa requer do aluno, além de força física, muita disposição e vontade. Sem esquecer que há uma IGUALDADE absoluta, para qualquer equipamento : é preciso conhecer a TEORIA do voo, seja no que voce for voar. Mas nunca me esquecerei, quando há 25 anos atrás, eu corri com a asa nas costas, em meu primeiro dia de aula, e voei por exatos ... 5 metros de distancia. Naquele momento, pensei : "sim, é isso que eu quero na vida !" 
TEMPO DE APRENDIZADO É o mais rápido, pois permite que em apenas um dia, vários voos no morrote sejam feitos.  Nenhum outro equipamento de voo permite tal RAPIDEZ. Por ter um aprendizado prático muito simples, a parte teórica muitas vezes é menosprezada, já que ela é menos requerida para a fase de morrote. Infelizmente, já vi cursos que na parte da manhã, o "extrutor" explica como é o voo, e à tarde, já decola o incauto, após poucas explicações dos comandos básicos - dando nome aos bois, vi isso nas falésias do Chile, em Mantecillo. Extrutores, inclusive aqui no ES, chegam a decolar logo no primeiro dia o incauto no topo do morrote, após meia dúzia de "longas" explicações sobre puxar as tais cordinhas.    Levei quase seis meses de curso no morrote, um pouco por conta de quase dois meses em que meu instrutor foi parar num safari, na África. Durante os 3 ultimos meses, eu chegava a fazer cerca de 15 voos do topo, todos os dias. O tempo irá depender muito do esforço do aluno. Quanto mais voos do topo do morrote melhor. Quanto mais voos duplos com o instrutor, em que ele permita ao aluno, durante o voo, assumir o comando da asa, melhor ainda. Pena que pouquissimos cursos no brasil adotam o voo duplo na instrução, e a maioria dos pilotos vai para o voo solo sem ter a menor experiencia prática de como é fazer uma curva de 360°. Recomendável que o aluno faça pelo menos uns 100 ou mais voos do topo do morrote. É necessário um bom preparo físico para encarar as aulas de asa no morrote. Por isso, o número de mulheres voando de asa delta é muito pequeno. Nunca esquecerei do playboy preguiçoso que um dia apareceu no morrote, reclamando muito do esforço de carregar a asa. No seu segundo ou terceiro dia do curso, levou para servi-lo um negão estilo estivador, para carregar a asa dele para cima e para baixo. Infelizmente, para ele, no dia seguinte o seu escudeirojá não estava mais lá, e ele acabou abandonando o curso - há coisas que nem o dinheiro paga... ;o).


                Nos próximos artigos, abordaremos as diferenças - e semelhanças – nos demais quesitos. 

Juan Barros

Artigo no nro. 01 da Revista Voo Livre : Segurança no Voo Livre

SEGURANÇA : MAIS DO QUE UMA PALAVRA, UMA NECESSIDADE

                Descrever algo tão amplo, em tão poucas linhas é quase tão difícil quanto assimilar e incorporar essa palavra, SEGURANÇA, não apenas como uma variável, mas como uma PREMISSA.
                Parecido com o “não beber antes de dirigir”, “olhar para os lados antes de atravessar a rua”, priorizar acima de qualquer coisa a segurança é a única forma para resguardar-se de acidentes - e mesmo assim, imperfeita.
                Segurança no voo livre não pode ser apenas um be-a-bá de regras fixadas em placas de rampa ou no manual de instrução do seu curso de voo livre ou de seu equipamento. Os recentes acidentes que vitimaram não apenas pilotos, mas também passageiros de voos duplo, tiveram ampla divulgação em meios de comunicação e fizeram fervilhar todas as listas de voo livre na internet, com muitas e diferentes opiniões, com buscas de culpas e culpados, razões, explicações...até que os cadáveres esfriem e voltemos a falar dos campeonatos, eventos, grandes voos de cross,  etc.
                A equação que pode trazer o melhor resultado é compreender e respeitar quatro COMPONENTES, no que diz respeito à limites e características de :
- do que é individual e condizente com a sua CAPACIDADE, seu nível e até seu estado de espírito, no dia do voo ;
- do LOCAL você está voando e sua experiência nesse local ;
- do comportamento e aspectos técnicos do seu EQUIPAMENTO ;
- e do pior, pois esse pode alterar em poucas ou menos de uma hora, que é o MOMENTO em que você está voando.
                Pareceu-lhe complicado ? E é. Os anos e muita prática no esporte ajudam, mas nunca irão eximi-lo de erros em suas escolhas ou atitudes. O ESTUDO é fundamental. Voar é muito mais que puxar duas cordinhas ou balançar de um lado para o outro, debaixo de um trapézio. Tem física, mecânica, aerodinâmica, meteorologia... é CIÊNCIA. É um vestibular eterno, e reprovação pode não te dar outra chance.
 Na dúvida, NÃO VOE. Terás todo o resto dos dias de sua vida para voar, enquanto no erro, poderás nunca mais ter um outro dia. O MEDO é um inimigo a ser vencido, mas jamais desprezado.
                Respeitar e unir (ou não) esses ingredientes fará a diferença no resultado final de nosso voo. Se o seu voo chegará até o momento do pouso seguro – ou do crash.  Se ele será de prazer ou de dor, de alegria ou de medo, de querer voar novamente ou de temer a hora do próximo voo...

Artigos da Revista Voo Livre


     Colaborei algumas vezes em outras revista do esporte, as já inexistentes Sky News e Air Time. Espero que não tenha sido porque publicaram algum artigo meu ;o)))).
     A verdade, é que imprimir, prensar, traduzir para o papel qualquer idéia, e faze-la sustentável é muito difícil, para qualquer empreendedor, os custos são altissimos, num país em que se lê cada vez menos. A grande maioria das revistas mal sobrevivi ao quarto número, e isso é um jargão comum no jornalismo - por isso, há a brincadeira de se editar a primeira revista como número zero ;o).
    Bom, espero que a "Revista Voo Livre" sobrevivi muito mais, e consiga realizar um trabalho de comunicação no esporte levando informação de qualidade à comunidade voadora.
   Nos próximos posts, colocarei a série, para quem perdeu algum número.

bons voos

Juan