Almas afogadas
Galip junto com seu irmão, Aylan Kurdi. Dois anjos jazem numa praia turca...
- Pai, para onde estamos indo ?
Ele olhou o filho com olhos de muitas dúvidas e nenhuma resposta.
- Filho, para longe dessa guerra e dos homens ruins...
- Pai, por que essa guerra ? Por que esses homens são ruins ?
Ele pensou que não há resposta para uma pergunta chamada guerra.
- Porque eles querem o poder. Porque eles acreditam num Deus que pensam que
deseja isso...
Galip ouviu a palavra Deus e ficou ainda mais cético:
- Mas pai... Deus é bom ! Deus é justo! Como Deus poderia querer a guerra ?!?!
O pai suspira longamente. Pensa que Ele não quer guerra alguma, jamais quis
nenhuma delas. Pensa que esses deuses são desculpas toscas para o demônio interno dos
homens. Pensa que há perguntas para quais não há respostas, só há a dor e a dor...
- Filho, eles estão errados. Eles SÃO errados.
Galip insiste:
- Pai, porque esses são ruins? Eles não tiveram um pai? Eles não tem filhos?
Mais uma vez, o pai não tem respostas, porque as respostas não respondem, não
justificam, não perdoam, não são respostas.
- Filho, eles não percebem como são ruins. Só pensam nos seus próprios pais e
filhos, e não dos demais.
- Pai, olha a onda !!!
- Pai, socorro !!!
- Pai, a água está gelada !!!
- Cade você, pai !!! Me dá sua mão, pai !!!
- Galip, Aylan, onde vocês estão !?!?!? Rihan, de-me sua mão !!! O fim é frio. O fim é surdo. O fim é incolor.
- Pai, essa areia é dura e fria ! Pai, me leva para casa !
Pai !!! Onde está você, pai !?!?
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