segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Almas afogadas - sobre a tragédia do menino sírio

Almas afogadas

Galip junto com seu irmão, Aylan Kurdi. Dois anjos jazem numa praia turca...

- Pai, para onde estamos indo ?
  Ele olhou o filho com olhos de muitas dúvidas e nenhuma resposta.
- Filho, para longe dessa guerra e dos homens ruins...
- Pai, por que essa guerra ? Por que esses homens são ruins ?  
  Ele pensou que não há resposta para uma pergunta chamada guerra.
- Porque eles querem o poder. Porque eles acreditam num Deus que pensam que
deseja isso... 

  Galip ouviu a palavra Deus e ficou ainda mais cético:
- Mas pai... Deus é bom ! Deus é justo! Como Deus poderia querer a guerra ?!?!
  O  pai  suspira  longamente.  Pensa  que  Ele  não  quer  guerra  alguma,  jamais  quis
nenhuma delas. Pensa que esses deuses são desculpas toscas para o demônio interno dos
homens. Pensa que há perguntas para quais não há respostas, só há a dor e a dor...
- Filho, eles estão errados. Eles SÃO errados.
  Galip insiste:
- Pai, porque esses são ruins? Eles não tiveram um pai? Eles não tem filhos?  
  Mais  uma  vez,  o  pai  não  tem  respostas,  porque  as respostas  não  respondem,  não
justificam, não perdoam, não são respostas.
- Filho, eles não percebem como são ruins. Só pensam nos seus próprios pais e
filhos, e não dos demais.

- Pai, olha a onda !!!
- Pai, socorro !!!
- Pai, a água está gelada !!!
- Cade você, pai !!! Me dá sua mão, pai !!!
- Galip, Aylan, onde vocês estão !?!?!?  Rihan, de-me sua mão !!!
  O fim é frio. O fim é surdo. O fim é incolor. 
- Pai, essa areia é dura e fria ! Pai, me leva para casa !  
 
  Pai !!! Onde está você, pai !?!?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por ler o blog. Fique aberto a críticas, sugestões, opiniões, discordancias e concordancias - não necessáriamente nessa ordem ;o).
Comentários ofensivos de anônimos, por favor, indiquem CPF, endereço, etc ;o)))))))).